sábado, 11 de outubro de 2008

A FLOR DE NANÃ

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

TEATRO ESTENIO GARCIA - MIMOSO DO SUL - ES

TEATRO ESTENIO GARCIA – MIMOSO DO SUL-ES


A Flor de Nanã, ao som de atabaques delirou o espectador mimosense, surpreendidos, no saguão de espera, no maior teatro público do interior do ES, fazendo brilhar o resgate de uma tradição milenar, a religião africana e as práticas performáticas contemporâneas. De cara a cara com a platéia, a mãe que dá origem ao universo pelos elementos naturais, o barro, o humo da terra, inserido na vivência ritual, mitos e ritos são expostos. Ali, começamos a captarmos sinais de uma cultura mística. Movimentos coreográficos, gestos próprios da dramatização “A Flor de Nana”, gravitou-se em torno de manifestações de uma religiosidade da cultura de um povo sem voz, sem direitos, e sem chão. Após a essa abertura o elenco foi para o palco, onde foi dramatizada cenas e dialogo lendários do orixá Nana-Burukê; a tragédia que marcou esse período de maneira violenta, o espetáculo, os personagens são tão peculiares que chegam a colorir o texto, principalmente as conversações dos protagonistas, na linguagem e refrão quase cinematográfico. Surge um novo naturalismo que possibilitou a interlocução entre público e atores, resultando questionamentos de nossa realidade, numa improvisação na descoberta do Eu. Focado na diversidade cultural.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

MIMOSO DO SUL

Faz 51 anos deixei Mimoso do Sul – ES, que já foi João Pessoa, com destino ao Rio de Janeiro, então Capital da República, onde me radiquei.

Decorridos todos esses anos, voltei a Mimoso do Sul, hoje uma grande e próspera cidade, com novos bairros, vários estabelecimentos bancários e um grande comércio.

Grande foi, no entanto, a minha surpresa quando, ao procurar os amigos da infância. Encontrei apenas meia dúzia deles, se tanto inteiro, inteiro – perdoem-me os demais – só encontrei o meu querido Kafuri.

Assim sendo, resolvi visitar o cemitério local, na expectativa de “encontrar” velhos conhecidos.

No cemitério, na calada de um dia chuvoso, encontrei, realmente, um sem números deles. Lá estava, dentre outros muitos daqueles que, em vida, ostentavam pomposos títulos-patentes da hierarquia militar.

Assim é que, de inicio deparei com o Capitão Ascanio Fernando. O Capitão Ascanio Fernando – quem da minha época não se lembra? - Era um cidadão respeitável e respeitado, que não dispensava o uso do colarinho de ponta virada, mormente nos dias de festas cívicas.
Logo após, deparei com o Coronel Gamboa. Quem poderá esquecê-lo? Era um autêntico chefe político do interior. Quando o Coronel Gamboa falava, “tava falado”. Era a bussola através da qual todos se guiavam, principalmente submissos eleitores.

Lá estava, igualmente, o Coronel, Cesar Paiva, dono de uma fazenda na periferia da cidade. Voz tonitruante, entrava ele pela nossa casa a-dentro, sem pedir licença, gritando para minha mãe: “Dona Joana, vim tomar café”. Parece ouvir minha Mãe, dizer, pressurosa: “Pués no, Coronel Cesar Paiva, ahora mismo”.

Encontrei, ainda, o senhor Nominato Ferreira de Paiva – o Coronel Natinho. Lembro-me bem de sua indefectível barbicha, que lhe dava uma aparência mefistélica.

Um pouco mais e deparo com o senhor Prudêncio Arabal, pai do abalizado médico e insigne escritor José Arrabal Fernandes que, com o seu livro “Gonçalo Pé de Mesa”, embreou-me aos maiores escritores regionalistas, brasileiros, como Mario Palmerio, Guimarães Rosa, Euclydes da Cunha, José Américo de Alencar, Jorge Amado e outros.

E foi uma quase alegria que deparei com vários membros da simpática colônia síria e seus descendentes, que desfilaram ante meus olhos como se vivos fossem: Gabriel Minassa, Antonio João Minassa, Álvaro Nassur, Elia Assad, Michel Cheibub, João Nicolau Noé e muitos outros.

Da rotunda enveneranda figura do Senhor Gabriel Minassa os meus contemporâneos (os poucos que restam), hão de lembar-se de vê-lo sentado à porta de sua venda, fumando – cachimbo oriental, composto de um tubo de borracha ligado a um vaso cheio d’agua, encimado por pequenas brasas sobre o fumo.

Mais alguns passos e encontrei o dr. Lincoln Martins, um perfeito gentleman, que a morte levou tão prematuramente.

E agora, com quem deparo? Com o dr. José Nicodemus Cysne. Esquecê-lo quem há-de? Contavam-se coisas pitorescas a seu resdpeito. Guardo bem nítido, na memória, tê-lo visto certa vez, num dia chuvoso, descalço, calças arregaçadas, puxando uma vaca por uma corda, pelas ruas da cidade. Como médico era um grande e incompreendido filósofo.

Prosseguindo na busca, encontrei outro velho conhecido: Evaldo Ribeiro de Castro, o melhor alfaiate da cidade. Com a alma em festa, me vejo muito jovem ainda, fazendo o footing domingueiro na rua da Estação, com os ternos por ele confeccionados. Essa evocação chega a doer lá dentro...

Encontrei, ainda, outros velhos conhecidos, dentre eles, Darcy Ribeiro de Castro, Rubens Rangel, Segundo Venturini, Amadeu Tugnolli, Sylvio Veloso de Castro, Lauro Lemos, Lauro Mota, Lino Baptista da Cunha, Cristóvão Ramos Pinto, Crispim Braga, os Brochados. (Já em criança fazíamos gozação com esse nome). Que me perdoem os seus possíveis remanescentes.

Por último, deparei com um grande mausoléu de belo mármore polido, ainda sem ocupantes. Ao me deparar com esse mausoléu, me lembrei de Esopo, o filósofo-escravo de existência lendária. Instado para que dissesse por que ansiava tanto por sua liberdade, o filósofo respondeu que é porque queria ir à Lidia, aonde, segundo a lenda, havia um rei, Creso, o homem mais rico do mundo, possuidor de palácios de mármores e ouro, e cujas roupas eram tecidas de pedras orientais. – “Quero ver Creso e rir de suas riquezas”. – Disse Esopo. Depois, acrescentou o filósofo que gostaria de ir mais longe ainda, ás margens do Nilo, onde os egípcios construíram enormes túmulos de mármore para honrar os seus reis. - “ quero ver tudo isso e rir da vaidade de pedra que cobre uns ossos poeirentos”. Acrescentou o filósofo.

Por outro lado, fiquei triste, pesaroso mesmo, por não ter encontrado no cemitério quaisquer vestígios de muitas outras pessoas para mim muito queridas e das quais jamais me esqueci.

E pergunto: onde estão Mané Sete, Zé Lingüiça, João Pelanca, Arnaldo Boca de Gamela, Alípio – o carroceiro, “seu” Latino, “seu” Gonçalo, “seu” Ezequiel, a lavadeira Maria Felicina – parteira de quase todos nós e tantas outras que se foram sem deixar vestígios.

Ah Deputado Justo Veríssimo, V. Exa. Tem toda razão!!!

Autor da Crônica: BEL. ARTUR GUILHEN MELL
Publicada no Jornal “ARAUTO” 18/07/1987 – Cachoeiro de Itapemirim – ES – Digitada na integra.

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